8 de ago. de 2008

19/03/2008

"Sim, deve ter havido uma primeira vez, embora eu não lembre dela, assim como não lembro das outras vezes, também primeiras, logo depois dessa em que nos encontramos completamente despreparados para esse encontro. E digo despreparados porque sei que você não me esperava, da mesma forma como eu não esperava você. Certamente houve, porque tenho a vaga lembrança - e todas as lembranças são vagas agora -, houve um tempo em que não nos conhecíamos, e esse tempo em que passávamos desconhecidos e insuspeitados um pelo outro, esse tempo sem você eu lembro."
(Caio)

"... e seus olhos tinham a cor do mar. Tinham a cor exata de quem, por muito tempo, todas as horas, todos os dias de muitos meses e anos, olhou detidamente o mar, acompanhando o vôo das gaivotas, interrompendo-se em rochedos, nivelando-se ao movimento incessante das ondas. Verdes, de um verde movediço, entre o denso do vidro e o suave da hortelã recém-plantada, líquidos, como água móvel, interior da gruta, rasos de pedras claras, visíveis: os olhos vivos (...) me olhavam, molhados pela chuva, vértice de um novo movimento para onde eu convergia inteiro."
(Caio)

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